sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Resposta

Participei de um projeto em 2003, chamado de Oficina do Jornal, que tinha como principal objetivo despertar o interesse dos jovens para a leitura.
A professora, Dona Carmem tirou esta carta da Folha de São Paulo de 15/03/2003 e pediu que os alunos respondessem.


Queridos amigos
Digo alô a vocês, desejando paz às pessoas do mundo.
Meu nome é Aline. Tenho 15 anos de idade e vivo no Burundi. Quando eu tinha cinco anos, na guerra civil de 1993, minha família foi atacada e meus pais foram mortos. Como diz o ditado em Kirundi “o Deus dos pobres vive em sua mão”, e Deus me protegeu.
Depois disso, “conheci uma outra mãe” chamada Maggy. Ela cuidou de mim muito bem. Graças a ela ainda vivo, na Maison Shalom. Se ela não tivesse me ajudado, acho que eu teria morrido.
Hoje moro em Nyamutobo, um dos vilarejos onde Maggy construiu casas para órfãos. Quando eu volto da escola, vou buscar água, recolho lenha para fazer fogo, cozinho e faço outras atividades como as das crianças que têm pais em casa. Quando eu crescer, quero ser como a Maggy e cuidar de outros órfãos.
Mas a guerra continua. Não há paz. Algumas pessoas são mortas, outras vivem fugindo, e as vacas e as coisas que as pessoas têm em casa são roubadas pelos assassinos.
Tenho um sonho para o meu futuro: quero ver todas as crianças crescendo e vivendo em paz. Hoje em dia há muitas crianças nas ruas. Torço para que a situação delas mude no futuro, para que possam viver com dignidade. As crianças no Burundi não estudam direito. Mesmo que estejam estudando, são traumatizadas pela guerra. Elas passam o tempo todo pensando na guerra e, quando voltam para casa, são obrigadas a passar a noite escondidas no mato sem comer o suficiente.
Adeus. Tenham um bom dia e uma boa noite.
Aline Nimbesha


Mococa, 15 de Março de 2003

Querida Aline,
Depois de ler a sua carta publicada na Folhinha de São Paulo de 15/03/03, reforcei a minha opinião de que a guerra é a maneira mais ignorante que o homem inventou para resolver os seus problemas. E é dessa maneira que são mortas milhares de pessoas todos os anos, sem falar nas seqüelas que são deixadas nas famílias: casas arruinadas, crianças órfãs e, acima de tudo, a covardia com a qual os soldados exercem a sua “missão”.
Primeiro, é muito fácil dizer que se as tribos e etnias entrassem num acordo acabariam rapidamente as guerras. O fato é que, na maioria das vezes, existe sempre uma força maior apoiando e incentivando a guerra, vendendo armas e, como se não bastasse, fazendo com que a guerra se espalhe cada vez mais.
Aqui no Brasil existem várias guerras em que, surpreendentemente, são assassinadas tantas pessoas como em qualquer outra guerra. A guerra aqui está espalhada por todo o país, principalmente nos lugares pobres; é a guerra do narcotráfico. É a guerra entre polícia e bandido. Certamente é uma guerra que parece menos devastadora do que as daí da África, mas é muito violenta também e deixa muitos órfãos.
Aline, procure passar conhecimentos e bondade às pessoas ao seu redor. Isso, talvez, alegre um pouco esse povo tão sofrido que é o seu.

Sou João Paulo Marçola, um estudante do Brasil.

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